Cacau em total harmonia com o Farol de Itapuã. Foto: Diego Freire.

Rodrigo e Cacau, dois caras surf! Esses são dois caras muito surf que se amarram nas condições extremas, principalmente quando a temida onda do Farol de Itapuã quebra de responsa!

Sempre que vou surfar, é difícil encontrar um sem o outro. Cacau, de quase 40 anos, é um cara bem humorado, tem um surf rápido e sempre ataca as seções da onda com fluidez.

Lembro de um dia muito perfeito em um coral no litoral norte, com esquerdas alucinantes. Cacau vinha em uma atrás da outra com drops no limite e espancando a onda até a última seção.

Rodrigo Menezes, também com quase 40 anos, tem um currículo mais extenso, e por ser “naturalizado” ilheense, conheço um pouco mais sobre ele.

Rodrigo Barreto também está sempre na água, seja em ondas grandes ou pequenas. Foto: Diego Freire.

Como ele mesmo me disse, começou a surfar em 80 na antiga maré de março (não existe mais, né?) em Ilhéus. Deve ter sido daí o gosto pelas ondas grandes.

Lapidou seu surf nas esquerdas do Espigão, direitas do Backdoor, em vários picos de Itacaré e muitos secrets que por razões óbvias não cabe aqui citar.

Sempre foi um cara que abraçou o life style do surf. Nos anos 80, era o garotão de cabelos compridos e loiro, de barba. Uma mistura de Occy com Mr. Morrison, dos The Doors, porque se amarrava no surf, mas também nas baladas no auge das festas de Ilhéus, tendo até uma casa noturna chamada Pistache (muito irado o lugar).

Viveu mesmo para o surf, chegando a competir algumas vezes, mas a sua história é mesmo de free surfer. Morou um tempo em Itacaré, outros tantos no Rio de Janeiro e viajou mundo afora pegando ondas como Itaúna em Saquarema, Uluwatu, Padang e Desert (suas preferidas) na Indonésia, onde passou exatamente 101 dias surfando conhecendo a cultura exótica do local e até o pré-histórico dragão de Komodo.

Hoje mora com sua família em Salvador, mas continua, junto com Cacau, fissurado no surf e, além do apetite por ondas grandes, tem uma batida animal de backside estilo Occy e Mick Lowe (para os “críticos” de plantão, estilo não quer dizer que ele surfe igual aos caras), muito forte, com um carving redondo em harmonia com a linha da onda. Além de um faro apurado para os tubos.

Outro dia, em frente de casa, vi Rodrigo fazer o único tubo do dia em uma esquerda e passar duas seções por dentro, saindo limpo com a baforada. E em várias outras direitas vinha com a mesma fórmula de sempre, cavava de backside, subia e boom, uma porrada muito forte fazendo um arco perfeito.

Rodrigo, diferente de Cacau, é um cara mais fechado, mas tanto um como outro são gente boa e se você souber chegar com certeza vai fazer amizade. Diferente do que muitos pensam, são dois caras que sabem respeitar as pessoas na água, mas, é claro, querem ser respeitados, porque não dá para engolir aqueles que chegam gritando, dando a volta e querendo pegar tudo.

Aí, Rodrigo se enfeza e dá umas broncas para colocar ordem no pedaço (risos), mas é um cara totalmente da paz e que mostra atitude mesmo nas ondas que dropa.